Procurei no céu, um chão.
Procurei nas nuvens de algodão um repouso.
Procurei no choro do céu uma união com meu choro.
Mas a chuva me rejeitava e me mostrava, gelada, quão quentes minhas lágrimas eram.
"Mas chega, se não houve troca, chega, porque amar sozinho é solitário demais, abandono demais, e você está nessa vida para evoluir, mas não para sofrer.Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz. "
E de repente eu me sentia com 6 anos, sabendo que ia ganhar bronca e a única coisa que eu precisava era de um dedinho. Ou melhor, DO dedinho.
De repente eu me via sozinha no chão do quarto agarrada a uma toalha pra não dividir com ninguém os gritos desesperados do meu choro.
De repente a saudade vinha e inundava aquele lugar e ia me afogando e eu não alcançava absolutamente nada pra me apoiar. E eu só precisava do dedinho.
De repente eu me encontrava com o desespero de novamente não ter nunca mais a textura da pele tão cheia de rugas, nem a bela dança da testa e das orelhas, nem o azul tão azul dos olhos de céu.
Há tempos eu não sentia tanta saudade. E era uma saudade doída, sofrida, que quando uma mão grande vem e aperta o coração da gente com muita força, ele não aguenta mais e libera seu sumo através de lágrimas.
Não. Ontem minha saudade não fora boa. Ontem minha saudade inundava meu ser e só me deixara sofrer cada vez mais por não mais ouvir seus pés se arrastando pelo chão.
Ontem eu precisava de seu tom de pele quando ruborizava-se num ataque infinito de risos. Eu precisava do seu mau humor por causa da nossa bagunça. Eu precisava da sua surdez conveniente. Eu precisava dos seus cabelos prateados. Eu precisava do seu sorriso humilde e espontâneo. Eu precisava da segurança que um simples gesto me passava. Mostrar o dedo mindinho ou entrelaçá-lo ao meu trazia sensações diferentes, mas igualmente eficazes.
Eu só precisava do meu avô. Porque nenhum outro dedinho terá efeito igual ou pelo menos similar.
16/04/2009