quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Eles transbordam de satisfação com a beleza de seus sapatos, porém seus pés não têm outra utilidade senão calçá-los. Eu continuo preferindo poder caminhar por qualquer caminho.
Eles mostram uns aos outros a perfeição de seus peitorais. Satisfaço-me com um coração sofrido e surrado que bate dentro do meu velho peito.
Eles são frios, mas inquebráveis. Eu não sei quando uma flecha pode atravessar meu frágil corpo. Mas calorosamente vivo, porque corre sangue quente nas minhas veias.
Eles têm rostos feitos com toda perfeição imaginável, mas não veem o pôr do Sol, não escutam o maravilhoso coral dos pássaros, não sentem o cheiro inebriante de uma flor lilás, não degustam o sabor docemente amargo do mundo, não experimentam a delícia de um arrepio.
Quem são? Belas estátuas estáticas.
Quem sou? Um pombo sujo e livre.




Trecho do conto "Adoráveis sombras de liberdade". E vai ser só trecho mesmo, porque sendo muito grande, ninguém prestaria atenção.

Um comentário:

Wanessa Soares Trindade disse...

como fiquei curiosa em abrir aquela pasta amarela tão bem lacrada...amiga amei mesmo,as isso não é novidade amo td que vc escreve..só não gostei muito da parte dos pombos,então prefiro entender o real sentido do texto..amo-te sempre...saudade...