terça-feira, 29 de dezembro de 2009

sobre céu's e alice's II

Procurei na chuva uma salvação que outrora ela me dera, quando me lavou de toda impureza e agonia.
Procurei no céu, um chão.
Procurei nas nuvens de algodão um repouso.
Procurei no choro do céu uma união com meu choro.

Mas a chuva me rejeitava e me mostrava, gelada, quão quentes minhas lágrimas eram.


01/12
Alguns problemas no blogger fazem com que eu me ausente nos últimos tempos.
Espero que tudo se resolva e volte ao normal.
Até porque minha necessidade de escrever ao mundo está fazendo meus amigos perderem o sono da madrugada com sms's.
Volto sempre que puder.


Update: voltei.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Feliz Natal, Mafalda.

"- Até que enfim, meu Deus, até que enfim!
- O que foi, Mafalda?
- O Natal está chegando para todos! Já imaginou? Para todos!
- E daí?
- Como? Você não percebe?
- O quê?
- Finalmente está chegando alguma coisa que não é só para executivos, cara!"


Trecho do Livro "Toda Mafalda" de Quino

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

da arte de saber viver

Aquele barquinho de plástico tinha um brilho que ofuscava todo o resto. Não era um barquinho normal, era o "melhooor barquinho de tooooodoo o mundo!"
Enquanto navegava pelos mares de sua imaginação, a magnífica embarcação caiu no chão sujo e se partiu em vários pedaços.
Seu olhar demonstrava quanto desespero se passou em sua cabeça depois da tragédia. O seu sonho estava ali jogado, o seu coração estava ali partido em pecinhas de plástico, nada tinha mais sentido. Era como se seus próprios membros tivessem se desfeito na queda.
Aquela agonia já acontecera antes, e ele pudera se salvar com a ajuda de um ser divino... sua mãe. Mas dessa vez era diferente. Olhava em volta à procura de uma solução. Baixava os olhos quando percebia que alguém o olhava. Morria a cada segundo que se passava - não eram mais segundos, eram eternidades.
Com o coração pesado pela tristeza, recolheu os pedaços no chão e pensou no que fazer com aquilo. Pensou em esperar o tempo passar e receber um novo barquinho. Pensou em gritar para mostrar o mundo quanta dor sentira. Pensou em chorar para tirar aquela dor do seu coração. Pensou em tomar uma atitude para mudar aquilo.
Percebeu que os pedaços poderiam ser encaixados, e seu barco poderia ser remontado. Com paciência, encaixou cada detalhe do barquinho.
Depois de montado, seu barco pôde navegar, e seu coração pôde de novo amar. Tudo estava remontado. E desta vez, ele aprendera a (se) refazer sozinho.
E com 3 anos, 9 meses e 20 dias de idade, ele já aprendera a viver. Sim, ele é um herói.

conotativamente hipoglicêmica

Hoje meu coração parou. É bonito dizer isso, não é? Mas nada de bonito tem em sentir. Pelo menos não dessa vez. Já senti meu coração parar - por amor, ou paixão, sei lá. Mas nunca sentira como hoje.
Suponho que seja raiva, mas o sentimento ruim que toou o meu corpo naquele momento não era claro. Ainda não tenho certeza se tenho motivos para sentir qualquer coisa, realmente. Mas aquilo foi incontrolável.
Ainda posso sentir as dores físicas, o amargo na boca, o ardor nos olhos, o baque que meu abdômen sentiu. Antigamente, conseguia me recuperar mais rápido, contudo esse tormento demorou uma eternidade infinita a passar.
Me perguntei como meu coração pôde ter batido tão rápido enquanto estava parado. Não, ele não estava parado. Ele estava em processo de petrificação, e a batida de um coração de pedra dói mais que a batida de um coração de carne. Deus, como doía!
Assim que o processo começou, a comida que eu me obriguei a ingerir passou a sentir nojo de mim e queria me deixar; meus nervos não queriam mais me sentir e passaram a desejar se desgrudar de mim; meu cérebro tentava aumentar seu tamanho para estourar minha cabeça e fugir dela. E a dor de ser abandonada por eles quase chegou ao insuportável.
Meus olhos decoraram cada detalhe do provável odiado ser. E, com razão ou não, odiei cada um daqueles detalhes. Culpei-o por todas as dores do mundo, por todas as mortes sangrentas do mundo, por todos os sofredores do mundo, por tudo no mundo. Tudo era por culpa sua, ainda que ninguém fosse culpado.
Aquele momento se assemelhava às minhas crises de hipoglicemia. Tudo era igual... Os batimentos do coração, o suor frio, o esverdeado das mãos, a atordoada tontura, o rosto todo - e principalmente a boca - pálidos, a vontade de ir embora - não se sabe pra onde, talvez ir embora de mim, deixar de ser eu - como é forte a vontade! Mas não era açúcar que me faltava. Aliás, talvez aquele sentimento amargo tirara toda a minha doçura, até mesmo no sentido literal.


terça-feira, 01 de dezembro de 2009.

(sobre) vivência

Eu não quero ser como as outras amebas que não vêem sentido na vida.
A vida não tem sentido, mas eu não quero pensar nisso. Eu quero conseguir fingir para mim mesma que a vida faz sentido, ainda que ela seja uma enrolação.
Eu quero viver. Sobreviver não me basta.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Agenor de Miranda Araújo Neto

Eu acabo de assistir um vídeo de 6 minutos e ele conseguiu me dar mais ânimo pra tomar vergonha na cara e me levantar.
Ainda que meu ânimo só durasse 6 minutos, pelo menos existiu algum ânimo.


Obrigada por ser a melhor pessoa do mundo, ainda que eu não tenha te conhecido.
Não preciso dizer mais nada sobre você no blog, porque você sabe, de alguma forma, tudo o que eu quero te dizer.
Melhor ainda, você soube tudo o que eu quero dizer ao mundo.
Soube o que acontecia comigo mesmo antes que eu soubesse.
Mesmo antes que acontecesse.
Mesmo antes que eu existisse.
Mesmo antes que tudo existisse.
Tão inexplicável, tudo isso...
Sabe por que é inexplicável? Porque é mágico.
E eu realmente não quero que ninguém entenda. Poderia causar inveja.
Então encerro meus dizeres deixando milhões de coisas não ditas, mas sentidas. Coisas amadas e sofridas. Coisas que só os exagerados -realmente e genuinamente exagerados- têm.



P.S.:Eu também queria ser marinheira!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009