sábado, 31 de outubro de 2009

história de amor quase impossível

Meu peito grita milhares de coisas, mas minhas mãos se negam a escrevê-las.
Memórias, por favor... Esperem a boa vontade de meus membros!
Se guardem, donzelas, em minha mente até que meus dedos te salvem e te levem num belo cavalo branco... ou num velho teclado preto.

domingo, 25 de outubro de 2009

Atarefada

Lista de tarefas:

-Morrer de dor
-Morrer de chorar
-Morrer de saudades
-Morrer de vontade
-Morrer de culpa
-Morrer de medo
-Viver, ainda que morrer.



Ok. Tudo feito.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Os desastres de Sofia

"Estudar eu não estudava, confiava na minha vadiação sempre bem-sucedida e que também ela o professor tomava como mais uma provocação de menina odiosa. Nisso ele não tinha razão. A verdade é que não me sobrava tempo para estudar. As alegrias me ocupavam, ficar atenta me tomava dias e dias; havia os livros de história que eu lia roendo de paixão as unhas até o sabugo, nos meus primeiros êxtases de tristeza, refinamento que eu já descobrira; havia meninos que eu escolhera e que não me haviam escolhido, eu perdia horas de sofrimento porque eles eram inatingíveis, e mais outras horas de sofrimento aceitando-os com ternura, pois o homem era o meu rei da Criação; havia a esperançosa ameaça do pecado, eu me ocupava com medo em esperar; sem falar que estava permanentemente ocupada em querer e não querer ser o que eu era, não me decidia por qual de mim, toda eu é que não podia; ter nascido era cheio de erros a corrigir."


Trecho de "Os desastres de Sofia", de Clarice Lispector


Minha filosofia de vida em relação aos estudos... Preciso crescer pra depois aprender! [Aprendi com Clarice! hehehe]

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A descoberta das mãos

Sua mão pequena e delicada nasce em seu braço e escorre pelo ar até alcançar meu rosto. O seu leve toque me trazia uma sensação de mais força que uma agressão de um animal feroz e, ao mesmo tempo, mais suavidade que uma pétala da mais rara flor. Eu nunca saberei explicar o que sua pele causava em mim - talvez me falte algo para saber entender tudo o que se passara ali.
Naquele momento eu não precisava de mais nada, além de suas mãos. Suas mãos me faziam gritar silenciosamente: "Eu sou um homem de verdade!" Não. Não era isso que eu gritava. Meu grito ultrapassava isso. Talvez eu gritasse: "Eu sou humano de verdade". Sim, era isso que eu gritava. Era isso que eu sentia. Eu era humano. Ser humano. Ser.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O fim do mundo

Aí Deus chegou - de cara limpa, sem nenhuma longa e branca barba - e me disse:

-O mundo acabou. A partir de agora, tudo é um longa longa-metragem. E é você quem escreve, produz e dirige. Tudo está em suas mãos.

Mal pude esperar que ele terminasse de falar para que eu pudesse colocar aquilo tudo em prática. Meu coração não batia mais. Suas pancadas eram tão fortes e tão rápidas que se transformaram num zumbido. Eu estava animada como nunca estive antes. O mundo, enfim, seria perfeito. Seria como eu sempre quis. Seria como deveria ser.

Resolvi começar pelo fim. O mundo acabou. Seria mais fácil organizar o caos todo se eu apagasse os erros anteriores e começasse a desenhá-lo numa folha em branco. Assim o fiz. Troquei minha cadeira preta com escritos em negrito branco ( negrito branco existe?) : "DIRETOR". Nada de cadeiras... me sentiria mais confortável num balanço. Um maravilhoso balanço, que me fez voar além de tudo para buscar as melhores ideias lá do alto.
Enquanto me balançava, decretei o começo/fim:
CORTA!

E então acordei.

sábado, 17 de outubro de 2009

Em resposta à Butterfly...

Wanessaaaa!!!
Quando resolver fazer uma coisa dessas de novo, me avisaa antees!!! Vc sabe que o coração da "véia" aki não é tão bom assim!!! kkkkkk

Ain, amigaa... Nem sei dizer o quanto eu amei!!! Meu ego tah super inflado! Minha auto-estima está além dos mais altos dos céus! Mas o melhor de tudo é saber (sempre) que eu tenho -pelo menos- uma amiga sincera no mundo!

Estava lendo um conto da Clarice Lispector, chamado Uma amizade Sincera (o final é triste, mas ele é lindo!), onde ela diz que "tínhamos apenas essa coisa que havíamos procurado sedentos até então e enfim encontrado: uma amizade sincera. Único modo, sabíamos, de sair da solidão que um espírito tem no corpo."

Amiga, às vezes eu pensava porque passei tanto tempo com tanta antipatia por vc, e agora cheguei à uma conclusão: nossa amizade não poderia ser uma coisa banal pra ser construída em pouco tempo. A gente teria que passar por coisas diversas antes, para que pudéssemos dar o devido valor a essa amizade. Tudo fora providenciado. Tudo teria um intuito maior por trás. Tudo girava em torno desse momento em que você seria essencial na minha vida.
Nunca conseguirei te dizer tudo o que o meu coração grita, mas isso é um bom começo pra te responder.


(Resto das pessoas que ficaram curiosas... O início disso tudo está no blog dela... Passem lá e vejam como ela me ama!!! kkkkkk (L) http://bluebutterflywanessa.blogspot.com/2009/10/alice.html )

Américo Xavier de Matos (L)

Hoje seria o aniversário do meu amado avô... Ele faria 70 anos. Nunca vou conseguir descrever quanta falta sinto dele, mas resolvi republicar um post que estava no meu antigo blog...


E de repente eu me sentia com 6 anos, sabendo que ia ganhar bronca e a única coisa que eu precisava era de um dedinho. Ou melhor, DO dedinho.

De repente eu me via sozinha no chão do quarto agarrada a uma toalha pra não dividir com ninguém os gritos desesperados do meu choro.

De repente a saudade vinha e inundava aquele lugar e ia me afogando e eu não alcançava absolutamente nada pra me apoiar. E eu só precisava do dedinho.

De repente eu me encontrava com o desespero de novamente não ter nunca mais a textura da pele tão cheia de rugas, nem a bela dança da testa e das orelhas, nem o azul tão azul dos olhos de céu.

Há tempos eu não sentia tanta saudade. E era uma saudade doída, sofrida, que quando uma mão grande vem e aperta o coração da gente com muita força, ele não aguenta mais e libera seu sumo através de lágrimas.

Não. Ontem minha saudade não fora boa. Ontem minha saudade inundava meu ser e só me deixara sofrer cada vez mais por não mais ouvir seus pés se arrastando pelo chão.

Ontem eu precisava de seu tom de pele quando ruborizava-se num ataque infinito de risos. Eu precisava do seu mau humor por causa da nossa bagunça. Eu precisava da sua surdez conveniente. Eu precisava dos seus cabelos prateados. Eu precisava do seu sorriso humilde e espontâneo. Eu precisava da segurança que um simples gesto me passava. Mostrar o dedo mindinho ou entrelaçá-lo ao meu trazia sensações diferentes, mas igualmente eficazes.

Eu só precisava do meu avô. Porque nenhum outro dedinho terá efeito igual ou pelo menos similar.


16/04/2009



quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O doze

"- E outra coisa.

- O quê, mestre?

- Não era o 12. Era o 21.

- O 21?!

- O 21.

- Então por que o senhor falou todas aquelas coisas sobre o 12 e a sua importância em nossas vidas?

- Porque o 21 não tem a menor graça, ao contrário do 12. Porque o 21 não tem nenhuma história, ao contrário do 12. Porque o 21 não significa nada, ao contrário do 12. Porque a única coisa interessante sobre o 21 é que ele é o contrário de 12.


E o sábio fechou os olhos e indicou com um sinal que a consulta estava terminada e ele estava reintegrando-se com os cosmos."




Trecho do conto "O doze" de Luis Fernando Veríssimo

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Bela tempestade

A forte chuva amedrontava os outros todos, mas não a mim.
Não gosto de chuvas, mas aquela era especial. Ela não apareceu ali casualmente. Ela tinha um propósito. E, felizmente, eu entendi o que ela queria.
Sua ferocidade em entrar naquele local tinha como única intenção chamar minha atenção.
Sua vontade ao entrar e gritar era que eu a escutasse por um instante.
E eu escutei.
E era lindo.
Ela cantava. Não. Ela falava. Ela respondia tudo o que eu perguntava até ali...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

sobre céu's e alice's

Nesses dias de eterna neblina, eu penso como adoro sentir qualquer coisa. Mesmo que seja pra morrer de tristeza, qualquer coisa é melhor que esse nada que domina o céu até me alcançar e me deixar assim também- nada.

Olho para o alto na esperança que essa coisa estranha se transforme em um manto negro com raios e trovões ou numa imensidão de luz do Sol e nuvens de algodão em forma de coelhos.

Olho para o espelho e imploro que esse ser insosso tenha alguma manifestação de ser humano. Que me mostre que não está mais vazio...



Ok. É só tédio.

domingo, 11 de outubro de 2009

uma história

Era evidente que ele mancava. Ele precisava da ajuda de muletas. Todos notavam sua tristeza e acreditavam que ela existisse devido ao seu problema físico. Contudo, ele se entristecia pelo fato de ninguém se preocupar realmente com o que acontecia dentro dele.
Naquela noite de segunda-feira, de alguma forma, ele permitiu que eu soubesse o seu segredo. Foi ali, então, que eu pude entender tudo...

Garoava naquela tarde. Ele esperava sua amada naquele local, como havia prometido. As fracas gotas de chuva não o incomodavam.
De repente, uma bela moça apareceu. Há tempos ele não via uma garota tão linda. Seu jeito de flutuar no chão, enquanto todos os outros caminhavam, provava que ela era um anjo caído. Ele não sentia culpa por estar enfeitiçado por ela, ainda que fosse comprometido. Ele não tinha interesse nenhum nela, além de ver seu encanto no ar. Impossível dizer quanto tempo ele ficou ali admirando aquele ser. Até que tudo aconteceu.
Um rapaz se aproximou da bela moça com terrível agressividade. Aquele ato fez com que sua visão maravilhosa se transformasse em um terrível pesadelo de repente. Ele continuou a observar o que aconteceria então...
Ele não tem certeza, mas acredita que aquele rapaz era um ex-namorado da garota. Aquele rapaz olhava para aquela garota com uma fúria terrível no olhar. Eles tiveram uma discussão séria, até que ela resolveu ir embora e deixar o rapaz falando sozinho. Foi então que ele percebeu que o rapaz tirara algo de dentro do casaco. E aquilo brilhava mortalmente. Nem pensou antes de se jogar na direção do rapaz, na esperança de salvar a bela jovem.

Depois disso, ele não se lembra mais dos fatos com clareza. Ele sabe que os dois lutaram. Sabe que a garoa se transformou em chuva. Se lembra da sensação de chuva nele. Se lembra da sensação terrível que sentiu depois do som do tiro. Se lembra dos gritos e de que algumas pessoas vieram ajudar antes que uma tragédia realmente acontecesse. Um branco na memória. Sirenes. Outro branco. Pensou em Clara. Ele estava ali para encontrá-la. Onde estaria? Como estaria? Como saberia o que estava acontecendo?
Seus pensamentos foram interrompidos pelos pedidos desesperados de desculpas da moça em meio a agradecimentos e muito choro. Ele não conseguia raciocinar direito. Seus pensamentos estavam confusos. E sua perna estava estranha. Ele tentava tocá-la, mas ela tinha sumido. Então ele dormiu.
Quase acordou. Olhou em volta. Clara não estava, só aquela bela moça cochilando num canto. Olhou subitamente para sua perna e, com grande alívio, percebeu que ela estava ali. Mas Clara não estava.
Ele queria ligar pra ela, mas não conseguia porque seu corpo queria dormir. Dormiu.

Os médicos fizeram todo o possível, mas o incidente deixara sequelas nele.

Ele não pôde andar sem auxílio novamente.

Teve até um início de amizade com a moça, mas acabaram se distanciando.

O pior de tudo fora a conversa com Clara. Ela lhe contou que marcara o encontro para terminar o relacionamento, mas mudara de ideia depois que tudo aconteceu por perceber quão horrível seria perdê-lo pra sempre.
Contudo, ele não acreditou. Pensava que ela estava com ele por pena de sua nova deficiência, já que tinha pensado em deixá-lo.
E terminou com ela.
E sentiu que morreu, então. E vive morto todos os dias...
Eu só não sei que diferença isso vai fazer.
Uma flor não continua sendo uma flor, mesmo que eu a chame de "geladeira"??? Ela terá a mesma cor, o mesmo perfume, o mesmo encanto...
Então, que diferença faz? Nenhuma.

domingo, 4 de outubro de 2009

Momento de caos (d)escrito

Eu agora sobrevivo de café, sono e insônia.
Minha mente está aprendendo- à força, diga-se de passagem- a engolir tudo o que existe no mundo de uma vez só e depois fazer uma boa digestão pra conseguir separar tudo. Lembre-se: eu disse aprendendo. Mas um dia ela fica boa nisso.
Estou tentando entender por que pessoas gostam de mim quando sou insuportável; por que amigos se sentem gratos por minhas palavras inúteis quando eles precisam tanto de mim e eu não consigo ajudá-los; por que eu continuo fazendo coisas que eu sei que nunca vão dar certo; por que eu sou tão confusa; e por que uma potência com base diferente de zero e expoente zero é 1.
Mas acho que, na verdade, eu não quero mudar certas coisas em mim. Não quero deixar de perguntar alguma coisa que eu não saiba por medo de parecer ridícula. Não quero deixar de dizer o que eu penso por medo da reprovação alheia. Não quero deixar de morrer de chorar de saudades quando um avô qualquer morrer, e eu me lembrar do meu. Não quero deixar de gostar de coisas estranhas, quando elas me remetem a alguma coisa boa. Não quero ser outra pessoa, quando eu posso ser eu.
Concluo pedindo desculpas pela ausência. Não necessariamente no blog. Mas na vida de todo mundo. Eu prometo voltar...