segunda-feira, 31 de maio de 2010

Por aí - Cazuza

Se você me encontrar assim,
Meio distante,
Torcendo cacho,
Roendo a mão...
É que eu tô pensando
Num lugar melhor
Ou eu tô amando-
E isso é bem pior...

Se você me encontrar
Rodando pela casa,
Fumando filtro,
Roendo a mão...
É que eu não tô sonhando.
Eu tenho um plano
Que eu não sei achar
Ou eu tô ligado
E o papel, e o papel
E o papel pra acabar

Se você me encontrar
Num bar, desatinado,
Falando alto coisas cruéis
É que eu tô querendo um cantinho ali
Ou então descolando
Alguém pra ir dormir

Mas se eu tiver nos olhos
Uma luz bonita
Fica comigo
E me faz feliz
É que eu tô sozinho
Há tanto tempo
Que eu me esqueci
O que é verdade
E o que é mentira em volta de mim...

terça-feira, 25 de maio de 2010

melhor sem título

"O mundo é muito mais água do que eu posso beber."
Fiquei pensando nisso o dia todo... Por que é tão impossível beber o mundo?
"Se eu pudesse, guardava tudo numa garrafa e bebia de uma vez."
Se tudo (tudo mesmo! no sentido mais amplo da palavra) viesse de forma destilada, fermentada, diluída, líquida!, seria tudo o bom... O gosto talvez fosse um pouco amargo, mas tenho certeza que seria bom.
Sei que tenho esse complexo de querer "abraçar o mundo com as pernas".
Sei que nunca consigo.
Sei que continuo insistindo, mesmo sabendo que nunca consigo.
Sei que marquei trinta mil coisas com trinta mil pessoas para essa semana, e ainda me iludo como se fosse conseguir. É uma pena... Enfim. Isso não é importante.
Há tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, que eu morro ao lembrar que não consigo acompanhar tudo.
Há tanta coisa pedindo para ensinar, pedindo que eu aprenda... É uma pena que não dê tempo para tudo.
"O infinito é realmente um dos deuses mais lindos." Sem fim. Sem acabar. Para sempre. Como uma coisa pode me atrair tanto e me amedrontar na mesma proporção?
E o tempo é tão cruel! Nunca espera, sempre correndo, sem pensar em ninguém, sem deixar que ninguém consiga beber o mundo! Sem deixar que eu beba o mundo!
Não sei o que escrevo. Não sei o que penso. Não sei o que acontece. Só corro atrás do tempo para conseguir transcrever tudo o que se passa na minha cabeça, sem me importar se alguém vai entender. Sem me preocupar se eu vou entender.
"Seja rude e escreva sem respeito, porque quem lê não é digno do esforço daquele que escreve. Seja você mesma na sua escrita. O caos só consegue ser tão perfeito porque não respeita nada, ele anda sobre o tempo e passa por tudo sem se importar aonde esbarra e o que pode causar."
O caos.
Sempre disse que eu era um caos.
Depois dessa visão de caos, não me considero mais parte dele.
Acho que não sei o que sou agora.  Sou uma desorganização, principalmente quando escrevo. Ou talvez não "principalmente". Escrever desorganizadamente talvez seja só um reflexo da minha desorganização de vida mesmo. Sendo eu mesma na minha escrita...
O chapeleiro maluco talvez não seja tão maluco assim. Talvez seja mais inteligente que todos nós. O tempo não é uma coisa que possa ser gasta ou perdida... O tempo é uma pessoa. Uma pessoa com autonomia bastante forte para decidir o que faz sem pensar em mais nada ou em mais ninguém.
Fiquei pensando na minha relação com o tempo. Não sei se ele é meu amigo, ou se ele me odeia. Talvez qualquer dia ele me obrigue a tomar o chá das cinco para sempre ou também pode ser legal pela madrugada e só me derrubar no final...
Não sei mais do que estou falando.
Momento totalmente psicodélico, sem nenhuma droga ou bebida. Juro.
Quando ordenar meus pensamentos, eu volto.

Kisses.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Pirenópolis domingo.
Vamos?

Mornidão

Ouvi uma vez: "É impressionante. É só eu ficar solteira que todo mundo perde a graça."*
Será o ônus da solteirice? Todas as pessoas estão tão insípidas e incolores... Já sei que o problema é comigo porque uma "epidemia do sem sal" não poderia afetar todo mundo assim. Os lugares estão normais, as coisas também. A fumaça sem graça só atingiu as pessoas.
Não as ignoro como normalmente, porque ainda tenho esperanças de encontrar alguém que tenha se salvado. Cada um tira um pouco dessa minha esperança porque estão todos com gosto de chuchu ferventado; de poema estragado; de melancia esbranquiçada; de chiclete velho; de palhaço sério; de meio de tarde ociosa; de beijo sem amor nem desejo; de distância sem saudade; de ricota; de água morna.
É isso. Estão todos mornos.


17/05/2010




* fala de Camila Lopes em Nome Próprio. Não foi bem isso que ela disse, mas foi quase.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

pensamento breve

Já perceberam como temos a mania de interferir nas vidas das pessoas?
Mas é estranho... Se alguém se intromete, nos irritamos. Se não nos deixam intrometer, nos indignamos por não nos deixarem exercer nosso "direito".
Não quero mais ser assim.
Fora da vida de todos e de cada um.
Melhor assim, não é?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

"Fale-me e eu esquecerei.
Ensine-me e eu poderei lembrar.
Envolva-me e eu aprenderei."

Benjamin  Franklin

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A um rebelde sem causas claras

Como salvo-te, caro amigo,
desse breu que te engole,
desse caos que te acompanha,
dessa dor que te carrega?

Como posso reaver para ti
teu brilho roubado,
tua alegria perdida,
tua alma vagante,
tua antiga forma de viver?

Como posso trazer-te de volta?
Como te ajudo a ser o que era?
Sei que há a salvação-
mostre-a a mim, então.


10/05/2010

terça-feira, 4 de maio de 2010

carta entregue

Não sei por que hoje te escrevo. As ideias voam soltas na minha cabeça e eu não consigo controlá-las.

Te escrevo na tentativa de me ler, porque não me entendo. Te escrevo porque desisti de esperar que me leia sem que eu te diga nada. Te peço, sem nada dizer, que me entenda - sem que eu nada diga. Mas vejo em você o que queres: que eu diga, diga, diga. Me desculpe, meu caro. Infinitas coisas não direi. E ainda que eu diga, não lerás. As pessoas não são legíveis.
Às vezes eu lia algumas pessoas para que elas fossem escritas depois. "Eu lia", eu disse? Não, não lia. Fingia ler para que pudesse escrever nelas histórias (antigamente, estórias) inexistentes.
Mas as pessoas que conheço - no sentido mais superficial da palavra - eu sempre soube que nunca poderia ler. Entretanto, mesmo sabendo que as pessoas não são legíveis, como já te disse, fico a esperar que alguém me leia para depois me contar o que acontece nesse estranho ser.
Ainda não sei ler as coisas e sinais - isso, sim - é legível, mas já posso vê-los. Mas te confesso que sinto medo. Acho que estou enlouquecendo. Mas você não entenderia. Mas deixa pra lá.

30/03/2010


Carta escrita e entregue a um destinatário. Mas tive vontade de dividi-las com vocês também.
Amo vocês.
Beijos