quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

para o S2

Se você tiver coragem de me dizer que você meio gosta de mim
Eu não vou fugir a pé.
E se você falar que eu sou tudo que você sempre quis pra ser feliz
Eu não vou pro lado oposto ao que você estiver.

Eu não fugiria de você, 
mesmo sabendo que se fosse você, você fugia.

Ei, não vai pegar mal se você contar que imprimiu todo o meu mapa astral.
Eu não vou correr assim que der, quando souber.

E se você falar que decorou meu RG só pra se precisar
Eu não vou pra um chalé em Macaé.

Eu queria tanto que você não fugisse de mim
Se fosse eu, eu não fugia.

Se você disser que foi por amor que você invadiu o meu computador
Eu não pego um avião
Se você contar de uma só vez como você achou minha senha do cartão
Eu não fujo pro Japão, esse verão.

Eu queria tanto que você não fugisse de mim
Mas se fosse eu, eu fugia.

E se você contar como é que você se sentiu ao grampear meu celular
Eu não vou numa DP
E se você mostrar o cianureto que você comprou pra gente se matar
Eu não mando te prender no amanhecer

Eu queria tanto que você não fugisse de mim
Mas se fosse eu, eu fugia

Eu fugia com você pro nosso lugar...




Respondendo ao Vini S2, inspiração-quase-plágio da música Macaé, da Clarice Falcão

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Você já sentiu vontade de largar tudo?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Dia bom

A única semelhança do meu despertar de hoje com o dos outros dias foi o horário. O despertador acordou meu corpo, mas meu ser foi reavivado de outra forma.
O Sol delicadamente tocava minha pele como quem realiza o chamado necessário com grande pesar no peito.
A luz me entende, pois também sente preguiça de levantar, e por isso vem de mansinho, se espreguiçando e se entrelaçando aos resquícios da noite.
O cheiro da terra recém-regada pela garoa da madrugada que traz a fragrância da vida e contagia a quem se permite parar e lhe dar atenção.
O doce som de uma música contrastada pelas vozes masculina e feminina, que se distinguem e se completam numa mesclagem perfeita.
Assim pude entender o significado da expressão “o universo conspira a meu favor”.
Assim pude sentir que tudo desejava sinceramente que eu tivesse um bom dia.
Assim pude retribuir o desejo de um bom dia.


30/08/2011

sábado, 6 de agosto de 2011

vinteeum

“com a graça do menino jesus, sábado acaba. finalmente estarei livre do maldito inferno astral e talvez as desgraças voltem ao normal. vinte e um. foda. porque, tipos, depois dos vinte fodeu. vinte e dois, vinte e três, vinte e quatro, dor na lombar, trinta, glaucoma, quarenta, enfisema, varizes, cinquenta, problema de gota, setenta, câncer, oitenta, e pronto. você morre na fila do sus.”


Trecho de Vacaciones, da Poali

domingo, 24 de julho de 2011

admiti que perdi

Agora a dúvida acabou.
Desde o começo, eu disseu que até um "não" seria melhor que ela.
Agora que o "não"chegou, não tenho mais essa certeza.
Agora que o "não"chegou, percebo que não era tão irrelevante.
Agora que o "não"chegou, sofro.
Algo que deveria ter sido tão simples, se complicou. Ou pior, eu compliquei.
Não pensei que esse momento fosse tão triste. Mas não chorei.
Sinto tantas coisas... E todas elas doem.


Final de 2010 / Início de 2011. Admiti que perdi.

sábado, 23 de julho de 2011

best seller

Encontrei seu bilhete e resolvi responder-te, amor. Não conseguirei colocar em palavras escritas tudo que sinto, mas as palavras terão mais sentido aqui no papel do que se eu tentasse jogá-las oralmente.
Primeiro agradeço pelas belas palavras. Sei que você realmente o acha um belo livro. Sei que você realmente me considera escritora, ou romancista, ou sei lá o que.
Agora, digo-te o que realmente sinto. Apesar do delicado vocabulário, aquele bilhete me machucou com arma nenhuma poderia fazer. Ao escrever todas as palavras publicadas naquele livro, eu pedia socorro e pensava que meu grito seria ouvido. Eu começava a ficar louca e queria que você me ajudasse e não sê-la. Eu te escrevi meu tormento de ver minha sobriedade me abandonar e não saber o que fazer.
Mas tudo o que você viu foi a beleza da poesia, da dor do eu-lírico. O que você não viu foi a realidade mascarada de ficção. Você não viu que era eu, e não um personagem. Você não viu que eu estava chegando ao fim, com pouco tempo para salvação. Você não viu que era desespero, e não arte.
Infelizmente, te escrevi claramente o que sentia quando já era tarde. Assim que você ler, eu serei só um personagem numa história fictícia.
Sinto muito.
Adeus.
L.





30/06/2011

domingo, 5 de junho de 2011

Carta para ti

A casa foi tomada por um silêncio quase visível, quase tocável, quase vivo. Queria te entregar as palavras que eram feitas para ti, mas que tomaram minha garganta como morada; sem nunca sair de lá.
Eu soube que era o momento certo para que elas fossm entregues. Meu gato também sabia - me olhava com um ponto de interrogação na testa, sem saber como eu faria para falar com alguém que não vive mais.
Abri a gaveta. Peguei um papel. Peguei sua caneta. Sentei na cadeira. Escrevi suas palavras. Respirei o ar. Senti o mundo. Levantei meu corpo. Levantei minha alma. Andei até lá. Abri a caixa. Peguei o palito. Acendi o fogo. Queimei o papel.
E esperei as palavras te encontrarem.


25/04/2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

urgência

Hoje eu vou sair sem ter esperado por você.
Espero por um táxi, mas não espero uma migalha de atenção sua.
Espero por minhas amigas, mas não espero teu falso amor.
Espero que a noite não seja chuvosa, mas não espero que a noite me traga você.
Enquanto espero a hora de sair, lembro-me do quanto te esperei. E percebo o quanto me enganei. Achei que te amasse. Mas quem ama não espera. Quem ama tem urgência. E minha urgência hoje é pra me fazer bem. Porque eu não posso esperar por mim. Enquanto eu te esperava, esperei inconscientemente por mim. Não amei bastante a nenhum de nós.
Mas hoje não espero. Não preciso esperar nada de você, e não posso esperar por mim. Sabe como é...
amor demais tem urgência demais.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

quinta-feira, 14 de abril de 2011

"King of pain"

Comecei a sentir muita dor. Daquelas dores que vão começando meio tímidas, entrando na sua vida aos pouquinhos enquanto o segurança está olhando pro outro lado. Daquelas que você sente o incômodo, mas só percebe que está sentindo dor quando ela é demasiadamente forte.
Achei que era na cabeça. Achei que era nas costas. Achei que era no peito. Só depois fui saber que era na alma. Mas isso é pra conclusão. Ainda estamos na parte da história em que eu achava que só sentia dor física.
Tomei alguns analgésicos que me indicaram. Um amigo disse que tal comprimido era ótimo pra dor de cabeça. Engoli logo um monte deles. Depois lembrei-me de um que minha mãe me colocava garganta adentro nas minhas crises de dor nas costas. Resolvi tentar também. Procurei na bolsa alguma coisa e achei uma cartela de "comprimidos milagrosos", como dissera minha chefe, para cólicas menstruais. Se for tpm fora de época, já estaria tratada. Mas não era. Agora eu sei, e você sabe também que não era, mas por enquanto eu não sabia. E a dor continuava forte e incômoda. Não prestava atenção nas músicas que tocavam, mas um refrão me gritou e me chamou e me disse o que era óbvio mas eu não sabia, 
eu não escutava, 
eu não sabia!
"Mas não tente se matar, pelo menos essa noite não!"
Eu não vou tentar me matar, Lobão. Fica calmo.
"Tá sozinha, tá sem onda, tá com medo  Seus fantasmas, seu enredo, seu destino"
Frase estranha. Me fez ficar pensando... Estava sozinha. Estava sem onda. Estava com medo. Mas só passei a ver isso quando alguém me disse. Pensei em ligar pra alguém. Pra quem? Pensei em cada amigo meu. Cada um passando por uma fase diferente. Nenhuma que acompanhasse a minha fase. Mas eu queria falar com alguém. Mas também, dizer o quê? Se nem ao menos eu sabia o que precisava ser dito.
Cliquei a tecla repeat pra aquela música.
"As pessoas enlouquecem calmamente Viciosamente, sem prazer"
A dor continuava. A coisa indefinível da música também. A vontade de ligar pra alguém também. Mas dizer o quê?
"Mas não tente se matar Pelo menos essa noite não" 
Eu não vou tentar me matar, sr. João Luiz!
Vi a quantidade de cartelas jogadas ao lado do meu computador. Seria aquela quantidade capaz de matar?
E a dor continuava. 
Resolvi ligar, ainda que não soubesse o que dizer.
Liguei para a última pessoa que eu deveria ligar. Me dei conta disso quando escutei a bela voz dizendo alô. Só ouvi. Mas se eu poderia morrer com uma overdose acidental depois de alguns segundos, eu poderia fazer isso. Só ouvir...Com a alma ainda dolorida, só ouvi. Até porque, dizer o quê?

terça-feira, 5 de abril de 2011

brevidade do amor

Só precisei olhar para trás para vê-lo no computador da fileira de trás.
Expressão de quem veio estudar, mas acha qualquer coisa mais interessante na internet.
Clica em diferentes janelas. Seus olhos e seus pensamentos são tão rápidos que eu mal posso acompanhar.
Ele achou alguma coisa engraçada e deu um risinho tímido. Sorri sem nem saber do que se tratava.
Olhei pra ele por tanto tempo, que era como se o conhecesse há tempos, como se já tivesse decorado cada detalhe do seu ser.
Oh, céus! Eu tive certeza: aquele era o amor da minha vida!
Sorri novamente, com um ar bobo-apaixonado.
Até que ele levantou o olhar da tela do computador e encontrou o meu olhar.
Aí, eu percebi que não, ele não era o amor da minha vida.
Ele voltou para a tela do seu computador, e eu voltei para a tela do meu.
E o nosso amor chegou ao fim.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

"Quantos anos você tem?"

Todos.
Nenhum.
Não há como se ter anos.
Perderam-se. Ou ganharam-se.
Mas não pertecem a mim.
Ainda assim, foram todos meus.
Foram, enquanto existiram.
Acabou-se.
Não são mais meus.

16/08/2010

volta

" - Volto hoje.
- O quê?
- Volto hoje.
- Sério?
- Sério.
- Que bom!
- Quero ver você...
- Sério?
- Claro que é sério.
- Por quê?
- Por que eu sinto tua falta, ué... Você não está com saudades?
- Tô... Claro... Mas é que...
- ...
- ...
- Mas é que... o quê?
- Não sei... Eu não esperava... Só isso.
- Não é só isso. Eu sei que não é. O que está acontecendo?
- Juro que é só isso...
- ...
- Não fica bravo...
- Não tô...
- Tá sim.
- Não.
- Eu pensei que você não voltasse mais... Você disse que não voltava!
- Disse, mas agora eu vou voltar. Então, quero te ver logo.
- Err... Preciso desligar.
-Espera! Eu...tu tu tu tu tu tu tu

01/06/2010

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Em meio a tantas pessoas que passavam

Saí pelo mundo pedindo a ele que me contasse histórias. Não procurei muito, nem fui muito longe para encontrar uma personagem perfeita. Ou melhor, para ela me encontrar.
Virei-me em sua direção porque senti que alguém me observava. Era aquela menina - minha personagem. Em meio a tantas pessoas que passavam olhava-me com tanto interesse que senti-me sem roupas. Sem roupas de corpo, sem roupas de espírito. Despida ali, enquanto somente ela me assistia.
Depois que nossos olhares se encontraram, resolvi assisti-la também. Uma menina diferente para seus prováveis 7 anos. Cabelos curtos, mas femininos. Vestido cor-de-rosa com estampa infantil demasiado curto para seu tamanho. Pernas finas e compridas tão inquietas quanto as minhas. Olhos grandes e castanhos tão curiosos quanto os meus. Boca pequena e decidida, que guardava na ponta da língua respostas para tudo.
Nos olhamos por alguns instantes. Eu procurava uma história. Ela insistentemente procurava. Não sei pelo o quê. Não via mais as tantas pessoas que passavam. Ficamos ali, sentadas - frente a frente. Olhos que diziam, mas não sabiam. Bocas que sabiam, mas não diziam. Pernas que se mexiam por vontade própria.
Então, ela se levantou e saiu.
E eu não pude identificar sua história a tempo.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Todos iguais

Estava concentrado no meu livro, até que vi Mariana correndo com um plástico na frente do rosto. Depois que eu perguntei o motivo daquilo, ela parou e me respondeu calmamente:
A professora disse que precisamos ver todas as pessoas como iguais, mas eu vejo todo mundo diferente. Aí eu peguei isso, porque aí todo mundo vira um borrão e fica todo mundo igual.
E continuou sua corrida olhando para tudo através daquele igualador de pessoas.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Mas aí quando você terminou de falar, o sangue escorreu. Diria mais, não esperou você terminar de falar - começou na metade do seu discruso, quando eu percebi o que você realmente queria me dizer. O sangue escorreu bem do meio do meu peito com uma dor tão forte que eu não sentia mais nada, além daquela sangria.

Você estava me deixando, e o seu amor também me deixava. Meu corpo trabalhava na compensação dessa perda. Enquanto seu amor ia embora com meu sangue, meu amor aumentava para que o fluxo sanguíneo fosse normalizado.

Você estava me deixando, e você arrebentava minha pele da forma mais brutal para conseguir sair. Mas é que você estava tão fundo, que o caminho de volta mais difícil que a entrada. Enquanto você entrou aos pouquinhos, tentou sair de uma vez só.

Agora, estão tentando conter minha hemorragia. Mas não dão falsas esperanças, já que o estado é grave e instável.













29/12/2010

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Coração órfão

Aprendi nas aulas de anatomia
que ele se chama coração,
e que ele pertence a mim,
ao meu corpo; é meu elemento vital.
Mas percebi com a experiência
que ele não é meu, é seu.
Aprendi que ele é um bichinho indomável
que só quer saber do seu verdadeiro dono.

Por isso, cada vez que ele te vê,
bate violentamente nas grades do meu peito
por querer voltar para você.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Meu querido Silfo

É que meu corpo ficou aqui sentado, enquanto meu espírito saiu para procurar o Silfo que vive comigo, e que sumiu.
Como não sabia o caminho que ele poderia ter traçado, meu espírito saiu sem destino sem nem saber como ou onde procurar. Na verdade, acho que ele nem sabia o que procurar, já que só hoje soubemos, com certeza, o que nos faltou.
Procurou todo o dia por todo canto, e o meu corpo, pobrezinho, ficou aqui, abandonado. Ao fim do dia, precisava voltar para manter meu corpo aquecido. Mas precisava procurar, para manter minha alma.
Chegou no meio da madrugada. Sem o Silfo. Cansado de procurar. Sem achar. Mas voltou.
Fui dormir.
Acordei.
Com o corpo, com a alma...
Bom dia, Silfo.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Notícias de um velho amigo

     Aproveitei o jornal que me servia de cama, para me servir de sonífero também. Gosto de ler antes de dormir. Na lista de falecidos, vi um nome familiar. Não sabia de quem era, mas sabia que já o tinha ouvido.
     Aquele nome distante me fez viajar até o passado e lembrar do dia em que saí de casa, cheio de coragem e de sonhos. Era tão jovem! E isso me fazia ter o mundo em minhas mãos... E, agora, não tenho nem onde dormir e hoje precisei juntar-me aos mendigos para proteger-me do vento gelado da noite. Quis chorar ao pensar em meu triste fim.
Segurei o choro para que os outros não vissem.
Segurei o choro para não ser perdedor.
Segurei o choro.
     Depois não precisei mais segurá-lo, já que um pensamento me veio à cabeça e iluminou minha sarjeta.
     Até o mais triste dos fins tem um enredo que pode virar uma bela novela.
    

     Aguarde notícias minhas,
J.P.