sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

D ex-equilibrando

Minha neta e minha avó vivem numa guerra sem fim.
Bombardeiam meus pensamentos com opiniões contrárias.
Não encontro uma solução para mantê-las em paz, como uma família deveria ser. Elas não se entendem e, pior, querem que eu me decida sobre qual das duas escolher como minha preferida.
Não posso explicar como estar com aquela garotinha é bom. Diversão além do imaginável!
Mas os conselhos daquela senhora são fundamentais. Ela sabe me fazer agir racionalmente nos momentos precisos.
Quero as duas, mas não pode ser.
Vou levando-as assim... Em guerra, juntas a mim, como se estivéssemos em paz.

"Os deuses me convidam para dançar no meio fio..."

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Contra a igualdade.

Senti medo que todos fossem realmente iguais;
que a humanidade fosse atingida pela igualdade.
Olhei a igualdade. Que triste ela estava!
Em cada olhar, tristeza e cansaço.
Procurei qualquer um que estivesse fora dela.
Ninguém.
Ninguém!
Ninguém?
Eu também?
Eu seria igual?
Olhei o ser que me olhava de dentro do espelho.
Não parecia cansado. Triste? Talvez.
Estaria seguindo os passos da igualdade?
Ou não? Não?
Não!
O desespero me encontrou, mas a salvação veio logo depois.
Um sorriso saiu do meio da multidão.
Tinha tamanha grandeza que precisava se mostrar para o mundo.
Pensou melhor.
Não se mostrou para o mundo todo.
Se mostrou para si mesmo.
Mas o "si mesmo" não soube suportá-lo.
Precisou mostrar para o mundo.
Porque o que não cabe em si mesmo,
caberá no mundo.
Caberá no mundo?
Não caberá.
Mas coube num instante que me mostrou
que não estaria tudo perdido.
Ainda são diferentes.
Em meio à escuridão da tristeza,
ainda há um sorriso.
Em algum lugar
há.
Que bom.
Sorri também.
Não sou igual.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A Caminho do Céu

Ok, hoje eu vou publicar um dos meus textos favoritos de um dos meus escritores favoritos. Ah, veio de um dos meus blogs favoritos. Sempre tenho uma impressão diferente cada vez que leio esse texto, mas em todas elas, eu adoro. Espero que gostem tanto quanto eu. Então, boa leitura! =]

"A Caminho do Céu
Rodolfo Alves

O semblante encontrava-se ausente de sua face. Sua vida procurou outros caminhos e esqueceu de lhe avisar. Seu mundinho pequeno de meios colegas ia-se lentamente. Sua existência não mais encontrava um porquê algum de continuar a sê-la. Não sabia explicar, mas entendia bem, não conseguia assimilar, apenas aceitar.

O seu corpo escarnava delírios e mistérios em meio às suas auto-confissões. O muro de aço que a cercava se tornara tão espesso, duradouro e forte que não havia aquilo que a fizesse desmoronar. A linha da sua vida finalmente atingira um patamar mínimo e retilíneo. A sua poesia não mais brotava. A sua perspicácia não mais se regulava e, por um momento, ela percebeu que sua loucura não passava de um tênue excesso de lucidez.

Depois de tantos esforços em vão, ela finalmente se encontrava acima de todos, acima de qualquer um, desde os que a apoiaram até os que a apedrejaram. Foi chamada prostituta, foi usurpada do seu próprio trono, espancada, chicoteada, enfim, destruída.

Mas naquele instante - e que instante! - ela se viu acima de todos, ali ela era o centro das atenções, era o motivo do embranquecer dos cabelos, a borboleta que criaria asas. O inicio do fim. O seu ser agradecia a existência daquele doce e breve momento: o mundo debaixo dos seus pés.

Então, eis que, na beira da cobertura do edifício, próxima do céu, à luz do dia, à luz de todos, ela se entrega ao sabor do vento. Para muitos ela caia, mas ela flutuava, e no seu breve e infinito flutuar, o calor do sangue aumentava até se esfriar abruptamente: plugt! Ela encontra a sua paz."


 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

badaladas para cinderela

Ela acordou na cama dura com dores em todo o corpo.
Não abriu os olhos. Sentiu que pessoas a observavam.
Ficou deitada, com os olhos fechados, lembrando-se porque estava ali.


Tinha ido àquele teatro para assistir uma peça infantil.
Mas por que entrara ali? Até onde se lembrava, não conhecia nenhuma criança que se apresentaria.
Claro, tinha bebido meio estoque do bar em frente. E, bêbada, entrou naquele lugar onde tantas pessoas entravam. Não se lembrava se comprou ingresso ou foi penetra, mas isso não importava.
Entrou, sentou e esperou que a peça começasse.
CINDERELA
Por que faziam as pobres crianças interpretarem aquilo? Ninguém mais aguentava aquela história. ELA não aguentava aquela história. Mas prestou atenção mesmo assim.
Quando chegou a um momento da história (mais claramente quando a princesa corre do príncipe à meia-noite), ela subiu ao palco, pegou delicadamente o rosto da menina  que fazia a princesa e falou a ela, mas para que todos ouvissem:

"Vá embora, minha querida. Mas não volte. E não o espere voltar. Ele não vai te procurar, nem colocar seu sapatinho em todos os pés da cidade à sua procura. Ele não vai se preocupar com o motivo pelo qual você foi embora correndo. Ele vai voltar para a festa e achar outra vagabunda. Você vai ser mais feliz se souber que esse príncipe não tem nada de encantado. Vá embora e troque esse sapato de cristal por outro mais confortável e saia pra dançar. Vá embora e me espere ir também, porque eu sei que um dia eu também vou fazer isso. E quando eu for, nada vai me trazer de volta - nem um príncipe."

A princesa chorou e correu, o príncipe gargalhou, ela caiu no palco desmaiada e a plateia assistiu - atônita, calada  e imóvel - àquele desfecho para a peça.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

[não consigo nomear isso]

18/01 - 22:36
Um amigo me liga.
A ligação durou dois minutos e trinta e cinco segundos.
Quanto teria lhe custado na conta, financeiramente?
Eu sei quanto me custou.
Me custou tirar a alegria genuína de dentro do meu peito e confessá-la por meio do meu sorriso.
Me custou ser iludida novamente, acreditando que o mundo vale a pena só porque ele me ama.
Me custou ser enganada, acreditando que eu seria uma pessoa digna de ser amada.
Me custou amar aquele ser com tanta força, que nem deve fazer bem pra saúde.
Me custou ficar lembrando de coisas tipo "anjo da guarda". Por que eu pensara nele há dois dias inteiros e agora ele me ligava?
Que bom que ele ligou.
Que bom que ele existe.

Morreu e mudou, nem lembrança deixou.

Assisti a um vídeo ontem que me fez rir bastante.
Mas depois fiquei pensando e filosofando sozinha sobre o assunto do vídeo. O cara fez piadas ótimas, mas o que ele diz acaba sendo verdade.
Ele mostra o desespero do ser humano em ser lembrado. Desespero esse que pode levar-nos a fazer coisas ridículas na intenção de...ser lembrado.
E que diferença isso faz? Não sei o que eu vou ganhar quando as pessoas lembrarem de mim depois que eu morrer. Tipo... morri. E aí? Você acha realmente que eu vou morrer, e ficar olhando os pobres mortais aqui embaixo pra ver se eles estão se lembrando de mim?

Não. Eu não vou.

Esse é o vídeo.

Radical Chic


Sai daqui! =]

Não acredito em simpatias, mas juro que a história de botar vassoura atrás da porta dá certo.
Como eu pude viver tanto tempo sem isso?

domingo, 17 de janeiro de 2010

muda, muda... muda.

Quando era criança, me lembro, ficava muito confusa quando diziam que várias pessoas moravam dentro de uma só. Talvez eu imaginasse uma criação de espíritos em humanos, e a gente podia até passar por eles sem desconfiar de nada.
Hoje estava pensando sobre isso. Sobre ser várias em uma só; sobre mudar completamente, continuando a ser eu; sobre ter uma criação de espíritos dentro de mim.
Talvez eu tenha me acostumado tanto a ter um novo personagem a cada dia, se vestindo do meu corpo, que não consigo identificar se isso é bom. Não sei se seria melhor controlar essa coleção de identidades ou deixar que elas me controlem.
Não sei se saberia viver de outra forma, que não mutável.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

notícia (inter)nacional

Ai, gente... Como senti saudades de brincar de jornalista e dar notícias aqui...

Enquanto estava procurando por notícias interessantes, uma me chamou a atenção. "Barack Obama indica transexual para cargo no Departamento de Comércio"
Cara, só eu fiquei feliz com isso? É só pensar um pouco... Sendo o EUA um dos países mais abertamente preconceituosos atualmente, uma transexual ser indicada a um cargo de importância no país não é uma coisa boa?
Fico pensando como seria se isso acontecesse no Brasil. Porque, vocês sabem, o EUA é preconceituoso e o Brasil não. O Brasil é suuper respeitador com os outros. O Brasil é super.

Tá boa.

Faz uma coisa? Procura no Google "transexual eua" e depois procura "transexual brasil". Na segunda busca você vai encontrar os melhores sites de "acompanhantes" do Brasil.
O que eu quero dizer mudando o rumo dessa notícia é que a gente deveria deixar de ser preconceituoso ao invés de fingir que não é.
Já presenciei cenas nojentas de preconceito contra amigos homossexuais.
Sério... Já é hora de mudar e passar a respeitar as pessoas como elas são. E permitir que transexuais (e etc.) possam ser mais que "acompanhantes".