quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Coração de pedra (Parte Final)

    Enfim, chegou o velho. Havia tamanha tensão no ar que ninguém se movia. Todos imaginavam e aguardavam a reação do velho. Ele chegou. Parou. Olhou. Viu. E não viu. Sorriu maliciosamente. Sorriu como quem venceu. Atravessou a rua e sentou-se à mesa vazia do bar. Manteve o sorriso, mas este passou ase desmanchar lentamente e deu lugar a uma expressão séria. Uma expressão tão séria e dura que parecia ser feita de pedra.
    A expressão séria e dura daquele senhor era surpreendente e aquela cena tornava o ato inédito. Ficaram ali parados assistindo como faziam diariamente, mas com a diferença da surpresa que, pela primeira vez, fazia parte da situação.
    O velho ficou imóvel ali até que a plateia não achou mais graça e parou de assistir. Talvez a discussão com a pedra tivesse mais emoção que a figura daquele velho que mais parecia uma estátua de praça quem um ser humano vivente.
    Quando ninguém mais o via, só um cachorro amarelo e emancipado, ele olhou para o último interessado na história e disse:
    "- Eu já tive vida, sabia?"
    Levantou e saiu, deixando o amarelo cachorro sem nada entender.

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