terça-feira, 14 de agosto de 2012

Era pra ser uma carta, mas virou isso.

Como vai, querido amigo? Sinto saudade de conversar contigo... Conversar tolices mesmo. Talvez conversar coisas não importantes façam com que eu me sinta menos adulta.
Tenho que admitir: nunca quis tanto parar com essa brincadeira de ser adulta. Tenho que admitir que talvez eu não tenha forças para conseguir conviver com todas estas coisas e ter que resolver todas estas coisas ao mesmo tempo.
Tenho que admitir que sou fraca e que não sei por quanto tempo mais vou conseguir segurar todo esse peso e, ainda assim, continuar caminhando. Tenho que admitir que sou imatura e ainda não sei lidar com tudo isso...
Sei que você é adulto (diferentemente de mim, verdadeiramente adulto) e que talvez nem tenha tempo para me ouvir choramingar sobre meus pensamentos perdidos. Mas de qualquer forma, você foi a primeira pessoa em que pensei para dividir um pouquinho destas dúvidas que estão crescendo e me consumindo.
Mas, quer saber? Deixa pra lá.
Tentei ser breve. Sinto que estou incomodando. Apareça. Preciso mais de abrigo do que de briga agora.


terça-feira, 29 de maio de 2012

menininho

Sem nenhuma timidez, pôs a cabeça em meu ombro como se descansasse sempre ali. No momento em que se encostou em mim, acalmou-se numa paz que há tempos eu não via.
Ficou ali, encostado, quieto, calmo.
Ao assisti-lo, calma e quieta, queria mais: queria perguntar a ele como é que se livra do peso do mundo e se encontra aquela paz.


24/04/2012

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

rabiscos

Queria eu ser Chico e poder fazer para ti a mais bela das canções de amor. Caso não fosse possível, queria eu ser Drummond pra encantar seus olhos e seu coração com meus versos profundos. Se não pudesse, queria escrever-te um drama tão profundo e eterno como fez Shakespeare.
Queria eu poder explicar-te de uma forma simples a confusão consentida e sem explicação do que você provoca em mim; sua invasão sem piedade na minha rotina, sua presença religiosamente assídua nas minhas noites em sonho, sua insistência em atrapalhar o resto do mundo tomando conta totalmente da minha falha memória, sua aparição que veio e foi embora rapidamente, sua ausência que me mata aos pouquinhos a cada minuto.
Queria eu que ainda pudesse te ver, só de vez em quando mesmo já bastaria; que ainda pudesse sentir a sensação da mistura da sua pele com a minha pele, da minha alma com a sua alma, da minha imatura emoção com a sua sádica maneira de me causar desordem mental.
Queria eu que você me entendesse como fez Humberto ao cantar para todos o que eu também sinto: “Toda noite de insônia eu penso em te escrever, pra dizer que  o teu silêncio me agride. E não me agrada ser um calendário do ano passado.”
Queria eu não escrever nada, ou conseguir escrever qualquer coisa sem que o assunto fosse você.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

para o S2

Se você tiver coragem de me dizer que você meio gosta de mim
Eu não vou fugir a pé.
E se você falar que eu sou tudo que você sempre quis pra ser feliz
Eu não vou pro lado oposto ao que você estiver.

Eu não fugiria de você, 
mesmo sabendo que se fosse você, você fugia.

Ei, não vai pegar mal se você contar que imprimiu todo o meu mapa astral.
Eu não vou correr assim que der, quando souber.

E se você falar que decorou meu RG só pra se precisar
Eu não vou pra um chalé em Macaé.

Eu queria tanto que você não fugisse de mim
Se fosse eu, eu não fugia.

Se você disser que foi por amor que você invadiu o meu computador
Eu não pego um avião
Se você contar de uma só vez como você achou minha senha do cartão
Eu não fujo pro Japão, esse verão.

Eu queria tanto que você não fugisse de mim
Mas se fosse eu, eu fugia.

E se você contar como é que você se sentiu ao grampear meu celular
Eu não vou numa DP
E se você mostrar o cianureto que você comprou pra gente se matar
Eu não mando te prender no amanhecer

Eu queria tanto que você não fugisse de mim
Mas se fosse eu, eu fugia

Eu fugia com você pro nosso lugar...




Respondendo ao Vini S2, inspiração-quase-plágio da música Macaé, da Clarice Falcão

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Você já sentiu vontade de largar tudo?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Dia bom

A única semelhança do meu despertar de hoje com o dos outros dias foi o horário. O despertador acordou meu corpo, mas meu ser foi reavivado de outra forma.
O Sol delicadamente tocava minha pele como quem realiza o chamado necessário com grande pesar no peito.
A luz me entende, pois também sente preguiça de levantar, e por isso vem de mansinho, se espreguiçando e se entrelaçando aos resquícios da noite.
O cheiro da terra recém-regada pela garoa da madrugada que traz a fragrância da vida e contagia a quem se permite parar e lhe dar atenção.
O doce som de uma música contrastada pelas vozes masculina e feminina, que se distinguem e se completam numa mesclagem perfeita.
Assim pude entender o significado da expressão “o universo conspira a meu favor”.
Assim pude sentir que tudo desejava sinceramente que eu tivesse um bom dia.
Assim pude retribuir o desejo de um bom dia.


30/08/2011

sábado, 6 de agosto de 2011

vinteeum

“com a graça do menino jesus, sábado acaba. finalmente estarei livre do maldito inferno astral e talvez as desgraças voltem ao normal. vinte e um. foda. porque, tipos, depois dos vinte fodeu. vinte e dois, vinte e três, vinte e quatro, dor na lombar, trinta, glaucoma, quarenta, enfisema, varizes, cinquenta, problema de gota, setenta, câncer, oitenta, e pronto. você morre na fila do sus.”


Trecho de Vacaciones, da Poali

domingo, 24 de julho de 2011

admiti que perdi

Agora a dúvida acabou.
Desde o começo, eu disseu que até um "não" seria melhor que ela.
Agora que o "não"chegou, não tenho mais essa certeza.
Agora que o "não"chegou, percebo que não era tão irrelevante.
Agora que o "não"chegou, sofro.
Algo que deveria ter sido tão simples, se complicou. Ou pior, eu compliquei.
Não pensei que esse momento fosse tão triste. Mas não chorei.
Sinto tantas coisas... E todas elas doem.


Final de 2010 / Início de 2011. Admiti que perdi.

sábado, 23 de julho de 2011

best seller

Encontrei seu bilhete e resolvi responder-te, amor. Não conseguirei colocar em palavras escritas tudo que sinto, mas as palavras terão mais sentido aqui no papel do que se eu tentasse jogá-las oralmente.
Primeiro agradeço pelas belas palavras. Sei que você realmente o acha um belo livro. Sei que você realmente me considera escritora, ou romancista, ou sei lá o que.
Agora, digo-te o que realmente sinto. Apesar do delicado vocabulário, aquele bilhete me machucou com arma nenhuma poderia fazer. Ao escrever todas as palavras publicadas naquele livro, eu pedia socorro e pensava que meu grito seria ouvido. Eu começava a ficar louca e queria que você me ajudasse e não sê-la. Eu te escrevi meu tormento de ver minha sobriedade me abandonar e não saber o que fazer.
Mas tudo o que você viu foi a beleza da poesia, da dor do eu-lírico. O que você não viu foi a realidade mascarada de ficção. Você não viu que era eu, e não um personagem. Você não viu que eu estava chegando ao fim, com pouco tempo para salvação. Você não viu que era desespero, e não arte.
Infelizmente, te escrevi claramente o que sentia quando já era tarde. Assim que você ler, eu serei só um personagem numa história fictícia.
Sinto muito.
Adeus.
L.





30/06/2011

domingo, 5 de junho de 2011

Carta para ti

A casa foi tomada por um silêncio quase visível, quase tocável, quase vivo. Queria te entregar as palavras que eram feitas para ti, mas que tomaram minha garganta como morada; sem nunca sair de lá.
Eu soube que era o momento certo para que elas fossm entregues. Meu gato também sabia - me olhava com um ponto de interrogação na testa, sem saber como eu faria para falar com alguém que não vive mais.
Abri a gaveta. Peguei um papel. Peguei sua caneta. Sentei na cadeira. Escrevi suas palavras. Respirei o ar. Senti o mundo. Levantei meu corpo. Levantei minha alma. Andei até lá. Abri a caixa. Peguei o palito. Acendi o fogo. Queimei o papel.
E esperei as palavras te encontrarem.


25/04/2011