Queria eu poder explicar-te de uma forma simples a confusão consentida e sem explicação do que você provoca em mim; sua invasão sem piedade na minha rotina, sua presença religiosamente assídua nas minhas noites em sonho, sua insistência em atrapalhar o resto do mundo tomando conta totalmente da minha falha memória, sua aparição que veio e foi embora rapidamente, sua ausência que me mata aos pouquinhos a cada minuto.
Queria eu que ainda pudesse te ver, só de vez em quando mesmo já bastaria; que ainda pudesse sentir a sensação da mistura da sua pele com a minha pele, da minha alma com a sua alma, da minha imatura emoção com a sua sádica maneira de me causar desordem mental.
Queria eu que você me entendesse como fez Humberto ao cantar para todos o que eu também sinto: “Toda noite de insônia eu penso em te escrever, pra dizer que o teu silêncio me agride. E não me agrada ser um calendário do ano passado.”
Queria eu não escrever nada, ou conseguir escrever qualquer coisa sem que o assunto fosse você.
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