terça-feira, 4 de maio de 2010

carta entregue

Não sei por que hoje te escrevo. As ideias voam soltas na minha cabeça e eu não consigo controlá-las.

Te escrevo na tentativa de me ler, porque não me entendo. Te escrevo porque desisti de esperar que me leia sem que eu te diga nada. Te peço, sem nada dizer, que me entenda - sem que eu nada diga. Mas vejo em você o que queres: que eu diga, diga, diga. Me desculpe, meu caro. Infinitas coisas não direi. E ainda que eu diga, não lerás. As pessoas não são legíveis.
Às vezes eu lia algumas pessoas para que elas fossem escritas depois. "Eu lia", eu disse? Não, não lia. Fingia ler para que pudesse escrever nelas histórias (antigamente, estórias) inexistentes.
Mas as pessoas que conheço - no sentido mais superficial da palavra - eu sempre soube que nunca poderia ler. Entretanto, mesmo sabendo que as pessoas não são legíveis, como já te disse, fico a esperar que alguém me leia para depois me contar o que acontece nesse estranho ser.
Ainda não sei ler as coisas e sinais - isso, sim - é legível, mas já posso vê-los. Mas te confesso que sinto medo. Acho que estou enlouquecendo. Mas você não entenderia. Mas deixa pra lá.

30/03/2010


Carta escrita e entregue a um destinatário. Mas tive vontade de dividi-las com vocês também.
Amo vocês.
Beijos

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Em face dos últimos acontecimentos

Oh! sejamos pornográficos
(docemente pornográficos).
Por que seremos mais castos
que o nosso avô português?

Oh! sejamos navegantes,
bandeirantes e guerreiros
sejamos tudo que quiserem,
sobretudo pornográficos.

A tarde pode ser triste
e as mulheres podem doer
como dói um soco no olho
(pornográficos, pornográficos).

Teus amigos estão sorrindo
de tua última resolução.
Pensavam que o suicídio
fosse a última resolução.

Não compreendem, coitados,
que o melhor é ser pornográfico.


Propõe isso ao teu vizinho,
ao condutor do teu bonde,
a todas as criaturas
que são inúteis e existem,
propõe ao homem de óculos
e à mulher da trouxa de roupa.
Dize a todos: Meus irmãos,
não quereis ser pornográficos?



terça-feira, 27 de abril de 2010

para quem se foi sem ter ido

Não sei o que fostes
Sonho, ilusão, invenção?
Não sei se sua beleza
foi tanta por ter sido tão rápido.
Não sei se me pareceu tão rápido
por me ganhar com tamanha estranheza.
Não sei se te vivi ou te sonhei.
Não sei se um dia te terei.
Não sei se de novo te verei.
Não sei.

16/03/2010

Cegas visões

Já não gosto de ter esses pressentimentos e visões.
Já não sei se prever o futuro é coisa boa, mas sei que vê-lo dessa forma - embaçada e confusa - não é.
Já não tenho certeza se tudo acontecerá como parece ou se será exatamente o contrário, mas saber que não poderei mudar torna o sentimento de impotência doloroso.
Já não acredito que São Jorge realmente está matando o dragão. Pela primeira vez, imagino que enigma a bela e redonda lua nos prega. O dragão sumiu. São Jorge também. Só não consigo entender que imagens são essas.A luz é forte demais para que eu veja sem me cegar.
Todos esses pensamentos não vão me deixar dormir, mas também não me levam a lugar nenhum. Já não sei traduzir a linguagem lunar, mas ela ainda fala comigo.
Lua amiga, deixe-me continuar na ignorância - pensando saber seus símbolos e signos. Sua magia é avançada demais pra mim. Tenho medo de não conseguir, minha querida. Tenho medo de ver nossos diálogos se transformarem em monótonos monólogos.


29/03/2010

sexta-feira, 23 de abril de 2010

tem louco pra tudo...

Comecei a pensar quantos anos aquele senhor teria. Minha mãe me falara o que ouvira de minha avó, que ouvira de sua mãe, que ouvira sabe-se lá de quem. O que acontecia é que todas as outras pessoas também sabiam dele. E sabiam o mesmo: ele era o louco da estação rodoviária. Sempre com suas velhas botas calçadas sobre calças sociais verdes, tendo como complemento um surrado paletó azul. Sua vestimenta era completada por um boné. Sempre o mesmo. Sempre do mesmo jeito. Sempre no mesmo lugar. Sua bengala lhe dava um ar de malvado; talvez por isso as pessoas mantinham distância dele.
Contudo, o que mais chamou minha atenção foi a pasta abarrotada de papéis que ele trazia consigo. Eram papéis não tão velhos mas já usados. Ele se agarrava àquela pasta com tamanho amor que não pude suportar a curiosidade de saber o que havia lá.
Segui-o com  os olhos durante um tempo até que ele se sentou num banco e abriu a pasta para pegar algo. Sentei-me num banco atrás dele para ver sem ser vista. Não dava pra ver muita coisa, além de palavras escritas. Ele abriu novamente a pasta e o tempo parou naquele instante... Eram poemas! E havia tantos lá dentro que meu coração pulsava com puro entusiasmo. Queria tanto lê-los, mas fui inconscientemente impedida pela velha lenda do "maluco agressivo".
Fiquei ali olhando até que uma voz marcante, mas suave, me falou: "Gosta de poesia?" Não tive voz para responder, apenas assenti com a cabeça.
Ele sorriu, fechou a pasta, se levantou e saiu. Só não soube quanta admiração pela sua "loucura" deixou em mim.


01/03/2010

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Já me basta toda a minha confusão habitual.
Por favor, não me confundam mais.

Para você!

Quer ser meu correspondente por cartas?
Negócio sério.
Nada a combinar.
Basta saber ler e escrever e ler e escrever e ler...

sexta-feira, 19 de março de 2010

Meus textos estão espalhados nos meus cadernos, em folhas soltas, ou por aí... no vento.
Assim que encontrar um interessante, posto aqui de novo.
Espero que ainda me amem, mesmo na minha ausência... hehehe

ah, eu continuo amando vocês, ok?

segunda-feira, 15 de março de 2010

Vou ficar aqui, assim, parada, estática...
Não vou evitar, contudo não corro mais atrás.
Talvez isso possa atrapalhar coisas possivelmente boas.
Mas se essas coisas precisam mesmo acontecer,
elas acontecerão.

Veremos, então.

Aguardem as novidades.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Feliz ano novo, Mafalda

"- A fome e a pobreza no mundo acabaram?
As armas nucleares foram suprimidas?
Sim?
- Bemmm... Acho que não, filhinha
- Então para que foi que a gente mudou de ano?!"