Contudo, o que mais chamou minha atenção foi a pasta abarrotada de papéis que ele trazia consigo. Eram papéis não tão velhos mas já usados. Ele se agarrava àquela pasta com tamanho amor que não pude suportar a curiosidade de saber o que havia lá.
Segui-o com os olhos durante um tempo até que ele se sentou num banco e abriu a pasta para pegar algo. Sentei-me num banco atrás dele para ver sem ser vista. Não dava pra ver muita coisa, além de palavras escritas. Ele abriu novamente a pasta e o tempo parou naquele instante... Eram poemas! E havia tantos lá dentro que meu coração pulsava com puro entusiasmo. Queria tanto lê-los, mas fui inconscientemente impedida pela velha lenda do "maluco agressivo".
Fiquei ali olhando até que uma voz marcante, mas suave, me falou: "Gosta de poesia?" Não tive voz para responder, apenas assenti com a cabeça.
Ele sorriu, fechou a pasta, se levantou e saiu. Só não soube quanta admiração pela sua "loucura" deixou em mim.
01/03/2010
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