quinta-feira, 18 de julho de 2013

E às vezes a gente se sente um toco.
É, um toco.
Tipo aquele que sustenta os bancos da praça com a nova modelagem depois da última reforma.
Você começa bem novinho, roliço, cheio de beleza com aquele verniz para te dar uma cara de vida e aí as coisas começam a mudar.
Vem a chuva, depois uma pessoa sentada em você, depois o Sol, depois o vento, depois uma pessoa que se deita ali pra passar a noite até o guarda mandar embora, depois a poeira, depois a criança que sobe onde não devia subir, depois a puta que pariu. Tudo vem.
Você suporta ali, sendo banco.
Aí você vê que tem uma rachadura.
Uma rachadura vagabunda bem pequena, com se fosse uma ruga no canto do olho.
Mas ela não se contenta em ficar ali e ser rachadura.
Ela vai crescendo e crescendo e vão chegando novas rachaduras.
Você continua ali, sustentando o banco e enfeitando a praça.
Mas as rachaduras também estão lá, e aumentando.
Até que você percebe que tem uma rachadura bem no meio. Sim, bem ali no meio.
Uma rachadura maior que as outras, que vai de um lado a outro.
De um lado, ela é um rachadura normal, mas até chegar do outro lado ela vai aumentando.
E quando chega do outro lado, alguém percebe que cabe o seu dedo indicador dentro dela.
E pensa que ela é igual à madeira.
Com o dedo indicador dentro da nossa rachadura, ela pensa no quanto as rachaduras vão separando as partes e de repente elas não se encontram mais.
Só nos resta colar a rachadura enquanto as duas partes estão ligadas na próxima reforma municipal e torcer para não ser o banco substituído da vez.

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