sexta-feira, 11 de junho de 2010

Cama, mesa e banho

I- Exausta de chorar, deitei-me na cama à procura de um "sono espesso e sem praia", como o de Carlos. Procurava que a noite do meu coração se tornasse literal. Procurava o esquecimento. Mas o que encontrei foi a dor ao sentir o colchão ainda úmido pela toalha que ele deixara de manhã.
A toalha molhada na cama que já trouxe tantas brigas.
A cama que já presenciara tantos momentos de amor. Amor? Ou só paixão?
Como um colchão gelado podia me trazer tanta dor? Como um colchão poderia ser tão gelado? Como o meu corpo não conseguia aquecê-lo? Como o meu corpo sozinho não consegue se aquecer? Desisto. Fraca que sou, melhor dormir no sofá, para não morrer.

II- Prato cheio.
Coração vazio.

III- A dor me anestesiou.
O choro me secou.
O corte me fechou.
A luz voltou.
A fome voltou.
A sede passou.
Ainda assim, meu corpo se derramou
e escorreu pelo ralo do chuveiro.
Só uma pedra, no chão, ficou.
Chamam-na coração.


04/06/2010

Um comentário:

Rômulo Alexander disse...

Nossa... Que genial! Que genial mesmo!