sábado, 17 de outubro de 2009

Américo Xavier de Matos (L)

Hoje seria o aniversário do meu amado avô... Ele faria 70 anos. Nunca vou conseguir descrever quanta falta sinto dele, mas resolvi republicar um post que estava no meu antigo blog...


E de repente eu me sentia com 6 anos, sabendo que ia ganhar bronca e a única coisa que eu precisava era de um dedinho. Ou melhor, DO dedinho.

De repente eu me via sozinha no chão do quarto agarrada a uma toalha pra não dividir com ninguém os gritos desesperados do meu choro.

De repente a saudade vinha e inundava aquele lugar e ia me afogando e eu não alcançava absolutamente nada pra me apoiar. E eu só precisava do dedinho.

De repente eu me encontrava com o desespero de novamente não ter nunca mais a textura da pele tão cheia de rugas, nem a bela dança da testa e das orelhas, nem o azul tão azul dos olhos de céu.

Há tempos eu não sentia tanta saudade. E era uma saudade doída, sofrida, que quando uma mão grande vem e aperta o coração da gente com muita força, ele não aguenta mais e libera seu sumo através de lágrimas.

Não. Ontem minha saudade não fora boa. Ontem minha saudade inundava meu ser e só me deixara sofrer cada vez mais por não mais ouvir seus pés se arrastando pelo chão.

Ontem eu precisava de seu tom de pele quando ruborizava-se num ataque infinito de risos. Eu precisava do seu mau humor por causa da nossa bagunça. Eu precisava da sua surdez conveniente. Eu precisava dos seus cabelos prateados. Eu precisava do seu sorriso humilde e espontâneo. Eu precisava da segurança que um simples gesto me passava. Mostrar o dedo mindinho ou entrelaçá-lo ao meu trazia sensações diferentes, mas igualmente eficazes.

Eu só precisava do meu avô. Porque nenhum outro dedinho terá efeito igual ou pelo menos similar.


16/04/2009



Um comentário:

Wanessa Soares Trindade disse...

já li esse texto,mas todas as vezes que eu li meu coração se enche de angústia só de pensar que algum dia desse vou deixar de ver meu avô tão querido (o unico querido)...mas dor maior ainda é saber que essa dor não ai cicatrizar,mas que venha lembranças boas amiga,pq esqueçer é impossivel,mas são nas lembranças que eles se tornaram eternos..bjooo